Cultura
23 junho 2020

«Mayotte é um laboratório da nossa realidade»

Tempo de leitura: 7 min
Nathacha Appanah, escritora mauritana, escreve há mais de vinte anos e foi finalista do Prémio Goncourt (2017). Nesta entrevista fala-nos de «Tropic Of Violence», romance que narra a realidade dos menores nas ruas de Mayotte, «uma ilha maravilhosa e selvagem marcada pela violência diária».
Carla Fibla García-Sala
Jornalista
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A história de Tropic Of Violence vai de uma personagem para outra, há cinco vozes que falam ao mesmo tempo. Qual é a sua técnica para fazer fluir a narrativa?

É uma polifonia, uma história vista de diferentes ângulos. Quando comecei o livro, só havia a versão de Marie, a mãe de Moïse, que contou na primeira pessoa a sua vida e na qual todas as personagens apareciam. Quando acabei de escrever, sabia que algo não estava a resultar. Vivi dois anos em Mayotte, entre 2008 e 2010, e terminei a história de Marie em 2015, depois de regressar a Mayotte para verificar algumas coisas. É uma história tão complexa e única que cada personagem precisa ter a sua própria voz. É como se elas estivessem a falar com os leitores, como no teatro antigo, uma tragédia grega. 

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