Sala de convívio
27 novembro 2022

Porque muda a cobra de pele?

Tempo de leitura: 2 min
Esta pequena peça de teatro é a adaptação de um conto da Serra Leoa.
Redação
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Personagens: Narrador, morte, Deus, cão, cobra e homem

 

Narrador: No princípio, a morte não existia no mundo. A morte vivia com Deus.

Morte: Deus, eu quero ir ter com as pessoas na Terra!

Deus: Mas eu não quero que entres no mundo.

Morte: Insisto, quero conviver com os seres vivos que criaste.

Deus: Está bem, mas com uma condição.

Morte: Qual é?

Deus: Não matarás nem homens nem mulheres.

Morte: Aceito.

Deus: E vais levar este cesto com peles, que as pessoas irão vestindo conforme os seus corpos vão envelhecendo.

Narrador: A morte disfarçou-se de cão. Deus pôs as peles no cesto e pediu ao cão que as levasse às pessoas.

Cão (caminha e avista uns amimais em ambiente de festa): Tenho fome! Oh, que sorte: uns animais estão a fazer uma festa. Já posso matar a fome.

Narrador: Depois de haver comido fartamente, o cão dirigiu-se para uma sombra e deitou-se para descansar.

Cobra: Gentil cão, o que é que tens no cesto?

Cão: São peles novas, que Deus manda para as pessoas vestirem conforme os seus corpos vão envelhecendo.

Cobra: Obrigada.

Cão: De nada. Agora, deixa-me descansar.

Cobra: Agora que o cão dorme, vou pegar no cesto e eu própria terei peles novas para ir mudando.

Narrador: Ao despertar, vendo que a cobra lhe roubara o cesto, o cão foi falar com as pessoas. E um dos homens dirigiu-se a Deus:

Homem: Deus, tens de obrigar a cobra a dar-nos as peles.

Cobra: Mas eu já vesti uma das peles novas!

Deus: Então, já não as posso reclamar.

Homem: Cobra, terei por ti um ódio mortal, e sempre que te vir, procurarei matar-te.

Cobra: E eu vou evitar-te ou morder-te. Mas uma coisa não me podes tirar: como possuo o cesto de peles fornecido por Deus, irei trocando a pele velha por outra nova.

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Abril 2024 - nº 627
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