Personagens: Narrador, morte, Deus, cão, cobra e homem
Narrador: No princípio, a morte não existia no mundo. A morte vivia com Deus.
Morte: Deus, eu quero ir ter com as pessoas na Terra!
Deus: Mas eu não quero que entres no mundo.
Morte: Insisto, quero conviver com os seres vivos que criaste.
Deus: Está bem, mas com uma condição.
Morte: Qual é?
Deus: Não matarás nem homens nem mulheres.
Morte: Aceito.
Deus: E vais levar este cesto com peles, que as pessoas irão vestindo conforme os seus corpos vão envelhecendo.
Narrador: A morte disfarçou-se de cão. Deus pôs as peles no cesto e pediu ao cão que as levasse às pessoas.
Cão (caminha e avista uns amimais em ambiente de festa): Tenho fome! Oh, que sorte: uns animais estão a fazer uma festa. Já posso matar a fome.
Narrador: Depois de haver comido fartamente, o cão dirigiu-se para uma sombra e deitou-se para descansar.
Cobra: Gentil cão, o que é que tens no cesto?
Cão: São peles novas, que Deus manda para as pessoas vestirem conforme os seus corpos vão envelhecendo.
Cobra: Obrigada.
Cão: De nada. Agora, deixa-me descansar.
Cobra: Agora que o cão dorme, vou pegar no cesto e eu própria terei peles novas para ir mudando.
Narrador: Ao despertar, vendo que a cobra lhe roubara o cesto, o cão foi falar com as pessoas. E um dos homens dirigiu-se a Deus:
Homem: Deus, tens de obrigar a cobra a dar-nos as peles.
Cobra: Mas eu já vesti uma das peles novas!
Deus: Então, já não as posso reclamar.
Homem: Cobra, terei por ti um ódio mortal, e sempre que te vir, procurarei matar-te.
Cobra: E eu vou evitar-te ou morder-te. Mas uma coisa não me podes tirar: como possuo o cesto de peles fornecido por Deus, irei trocando a pele velha por outra nova.