Personagens: Narrador, raposa, galo, coelho, pata.
Narrador: Empoleirado num alto galho de uma árvore, o galo estava de sentinela. Vigiava o campo para ver se não havia perigo para as galinhas e os pintinhos que ciscavam o solo à procura de minhocas. Uma raposa passava por ali.
Raposa: Que maravilhoso almoço eu teria se comesse uma galinha ou, ao menos, um pintainho.
Narrador: Mas engoliu em seco, quando avistou o galo.
Galo: Olá, dona raposa. O que faz por estas bandas. Boa coisa não será, certamente.
Raposa: Amigo galo, pode ficar sossegado. Não precisa de cantar para avisar as galinhas e os pintinhos de que estou a chegar. Eu vim em paz.
Galo: A sério? O que lhe aconteceu? As raposas têm sido sempre nossas inimigas. Os nossos amigos são os patos, os coelhos e os cachorrinhos.
Coelho: Também estou espantado, dona raposa! Não tarda, está a dizer que também é nossa amiga!...
Pata: Eu não me fio em si. Nem eu, nem os meus amigos! Sabemos bem que é esperta e astuta!
Raposa: Caros amigos, esses tempos já passaram! Não sabem que todos os animais fizeram as pazes e estamos a conviver em harmonia?!... Já não somos inimigos.
Galo: Não sabia… E continuo a duvidar…
Raposa: Para provar o que digo, amigo galo, desça daí, e vocês aproximem-se, para que eu possa dar-lhes um grande abraço!
Narrador: O que a raposa queria era impedir que o galo voasse para longe e avisasse o galinheiro. Se ele descesse e o coelho e a pata se aproximassem, seria fácil apanhá-los e ela teria conquistado o seu almoço mais facilmente do que imaginara.
Galo: Se você tem a certeza de que os animais são todos amigos, isso quer dizer que não tem medo dos cães de caça?
Raposa: Claro que não!
Galo: Ainda bem! Porque, daqui de cima, avisto uma matilha que vem a correr para cá.
Raposa: O quê?!...
Pata: São seus amigos, dona raposa! Não é preciso fugir. Vêm dar-lhe um grande abraço, como o que nos quer dar.
Raposa: Lembrei-me de que deixei as minhas crias a dormir. Tenho de ir. Adeus!