Crónicas verdes de um adolescente
Começa tudo na primavera, época em que espalhamos sementes de milho pelos grandes campos preparados para acolherem milhares delas.
As sementes vão brotando, e a planta vai crescendo lentamente, recebendo doses diária de nutrientes da chuva e do sol. Pouco depois, as plantas já estão grandes, verdes, fortes e com grandes espigas de milho.
Três meses depois da sementeira, chega a época da colheita. Passamos a máquina ceifeira-debulhadora, que ceifa a planta e tritura-a, e debulha o milho. A planta triturada vai em grandes reboques para o silo e, nesta altura, muda de nome para silagem. Será coberta com um grande cobertor de plástico e ficará a descansar durante um mês, tempo necessário para fermentar e ficar no ponto para ser servida às vacas.
O processo não passa só por descarregar a silagem no silo e cobrir com plástico, temos de garantir que o vento não levantará o cobertor do silo. Para isso usamos o que chamamos chouriços. Não são chouriços quaisquer, são sacos de pedras com forma cilíndrica que se assemelham aos tradicionais chouriços de carne. A tarefa resume-se a arrastar os grandes sacos de pedras para cima do cobertor de plástico.
É uma tarefa muito trabalhosa e desgastante. Nestas ocasiões, ampliamos a agricultura familiar e pedimos a ajuda dos primos que também preservam tradições agrícolas na família. São cerca de oito homens, dos 10 aos 60 anos, que arrastam 150 chouriços para cima do silo até ficarem bem pesados e desaparecerem os vestígios de ar debaixo do cobertor. Este cuidado é muito importante. A silagem precisa de escuridão e dióxido de carbono para fermentar.
Quando todo o processo está concluído, já temos o alimento necessário às vacas no inverno.
Também nós gostaríamos de hibernar, mas é preciso servir a comida às vacas todos os dias. Se ao menos fosse buffet para elas, poderíamos descansar à vontade!
