Uma brasileira vai receber das Nações Unidas (ONU) o prémio «Jovens Campeões da Terra» pela invenção de um aparelho que purifica a água utilizando a luz solar.
Anna Luísa Beserra, de 21 anos, vive na Bahia e desenvolveu o Aqualuz, uma tecnologia que purifica a água por meio de radiação ultravioleta (luz do sol). O dispositivo é instalado nas cisternas (reservatórios de coleta de água da chuva comumente utilizados no semiárido brasileiro) e elimina 99,9% das bactérias, sem a utilização de produtos químicos. É uma invenção de baixo custo, de fácil manutenção e que pode durar até 20 anos.
A diretora executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Inger Andersen, destaca que o “planeta sofre de um stress hídrico causado pela extração incessante, pela poluição e pelas alterações climáticas”, por isso é vital que se encontrem “novas formas de proteger, reciclar e reutilizar este precioso recurso”.
“Tornar a água potável acessível e segura a todos e todas é vital para atingirmos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, salienta Andersen.
Embora tenha sido testado apenas no Brasil, o aparelho tem potencial para ser aplicado noutros países. Os vencedores do Jovens Campeões da Terra receberão o prémio durante uma cerimónia em Nova Iorque no dia 26 de setembro, coincidindo com a reunião anual da Assembleia Geral das Nações Unidas e a Cimeira de Ação Climática.
A água é um recurso fundamental para a vida no planeta. Porém, de acordo com a ONU, o acesso à água potável ainda não é uma realidade para mais de um quarto da população mundial.
As doenças que provocam diarreia estão entre as principais causas de morte em todo o mundo, e estão diretamente ligadas à falta de água potável, à falta de saneamento e de higiene. As Nações Unidas apontam que esses problemas atingem principalmente populações jovens, vulneráveis ou que vivem em zonas rurais remotas.
Ao comentar o anúncio do prémio, Anna Luísa disse que é uma “grande oportunidade para divulgar o Aqualuz em outras regiões do planeta” onde pessoas sofrem com os problemas da água contaminada.
“Espero levar esta tecnologia de purificação da água para a África e a Ásia. Vou contactar a angolana (Adjany Costa, premiada por um projeto de conservação da água e da biodiversidade) e tentar que ela nos ajude a salvar vidas em África”, explicou.
O prémio Jovens Campeões da Terra atribui aos vencedores um valor de 24 mil dólares (cerca de 21 700 euros) para investimento nos projetos, comunicação e comercialização, além de formação e orientação. Os vencedores também são convidados a participar em reuniões de alto nível da ONU.
Em 2019, o concurso Jovens Campeões da Terra recebeu mais de 1000 inscrições. Outros três projetos brasileiros foram selecionados entre os 35 finalistas.