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30 março 2020

A Etiópia fez grandes progressos, mas temos ainda grandes desafios

Tempo de leitura: 4 min
Testemunho de um comboniano que vive no país africano há 20 anos
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A Etiópia está a fazer grandes progressos, mas ainda enfrenta graves desafios económicos e sociais”, afirmou à agência Fides o padre Pedro Pablo Hernández, comboniano mexicano a viver no país há 20 anos.

De acordo com este missionário, que trabalha no Vicariato Apostólico de Awasa, há dois anos esta nação africana teve um momento de mudança graças à nomeação, em 2018, do primeiro-ministro Abyi Ahmed.

O primeiro-ministro foi recebido com entusiasmo pela população devido à sua maneira amável e aberta de se relacionar. Não foi fácil para ele dar seguimento aos planos de mudança, tanto pela grande dificuldade de atingir os objetivos, quanto pela forte oposição interna. Mas o facto é que a situação melhorou significativamente, especialmente no campo dos direitos humanos, da liberdade de imprensa e do sistema democrático”, explica o padre.

No entanto, o missionário comboniano salienta que apesar dos progressos conquistados, as dificuldades persistem: “Hoje ainda existe uma atmosfera de incerteza e instabilidade social. Com o tempo, as tensões de natureza étnica somam-se com os atritos entre as várias comunidades religiosas”.

Como Igreja Católica - observa o padre Hernández - tentamos manter um diálogo inter-religioso com outras confissões para tentar construir uma paz verdadeira e duradoura”.

Há 35 anos que os missionários combonianos estão presentes nas montanhas do sudeste da Etiópia, entre os Guji, um grupo pertencente à etnia Oromo, os mais numerosos do sudeste da Etiópia.

Daqui da pequena missão de Killenso”, refere o comboniano, “nasceram outras duas missões, Soddu Abala e Haro Wato, que estão em constante crescimento”.

Em 2008, a comunidade religiosa de Killenso, alinhada às diretrizes do Instituto, decidiu promover a pastoral em Adoola, a cidade mais importante da região, a 35 quilómetros da missão, onde a Igreja Católica era quase inexistente.

Famílias de diferentes locais da cidade pediam a abertura de novos centros pastorais e de locais de estudos adequados para os estudantes. O que levou os combonianos a realizar alguns projetos: como a compra de terrenos no centro da cidade; a criação de um programa de formação para novos catequistas; a construção de novas comunidades e construção de uma biblioteca pública”, relata o padre.

De facto, o resultado desse trabalho pastoral na região é a presença de 16 novas comunidades cristãs. A construção de uma igreja, em 2016, é a expressão material do trabalho de formação. Quanto ao campo da educação, foi lançada uma biblioteca com mais de 4000 livros e que pode acomodar até 120 alunos.

O padre Hernández salienta também as dificuldades económicas relacionadas com a seca e a inflação que assolam a Etiópia: “A escassez de alimentos é muito grave e, embora possam ser vistos sinais encorajadores de desenvolvimento, a diferença entre ricos e pobres continua a aumentar, especialmente nas áreas rurais”, refere.

Cerca de 30 por cento dos etíopes vivem em condições de extrema pobreza.

Em todo o Vicariato - relata o missionário comboniano - há escassez de escolas, hospitais, clínicas. A população ainda depende de ajuda humanitária. As secretarias católicas de todas as dioceses fazem um trabalho louvável para atender às necessidades da população”, explica.

As eleições parlamentares na Etiópia estão marcadas para agosto de 2020 e sobre este momento o padre Hernández diz o seguinte: “Devemos construir e fortalecer um clima de democracia e paz, a trabalhar lado a lado com as pessoas”.

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