Família e amigos na cerimónia fúnebre do indigenista Bruno Araújo Pereira, indigenista que foi assassinado em Junho passado quando acompanhava o jornalista britânico Dom Phillips no Vale do Javari, na Amazónia, que também foi assassinado (Foto: © Lusa)
Na mensagem, intitulada «Um clamor pela paz», os membros do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) começam por afirmar que «as guerras vão-se multiplicando cruelmente em diversas regiões do mundo, somando-se às abomináveis e impactantes cenas que nos chegam da Ucrânia através dos media. São invisíveis os conflitos como em Moçambique, Iêmen, Etiópia, Haiti, Mianmar, entre tantos outros, que assumem hoje os contornos de uma “terceira guerra mundial por pedaços” (Papa Francisco, Fratelli Tutti, 25)».
Nesse sentido, afirmam os prelados, na actualidade, faz-se urgente escutar as vozes de tantos que, vitimados por variadas formas de violência, clamam por justiça e paz. Sublinham, ainda, que as realidades da violência não podem ser naturalizadas e que é impossível aceitar o extermínio de irmãos e irmãs. Para os bispos urge não fechar os olhos diante da «loucura da corrida armamentista no Brasil».
No texto, os bispos assinalam que também no Brasil «a violência precisa ser estancada». E precisam as formas de violência estrutural que são visibilizadas nos tempos de hoje, nomeadamente «a desigualdade social, gerada pela concentração de renda, os conflitos religiosos, o ataque sistemático aos territórios dos povos tradicionais, o desprezo e o rechaço aos migrantes e o flagelo da fome».
E os bispos referem que, diante de tantas situações que os envergonham, voltam «a erguer nossa voz para denunciar a violência e solidariamente clamar por paz». E salientam que se unem «a todas as pessoas e entidades que, de coração sincero, se empenham nessa direção». Destacam que percebem «nesse esforço o Espírito do Deus da Vida que não nos permite desanimar, nem nos deixa enredar pelas artimanhas do mal, por mais astuciosas e aparentemente convincentes que possam ser».
Por isso, os bispos expressam uma palavra de esperança ao povo brasileiro: «aos sofredores, que não desistam, aos que têm poder de cuidar, defender e promover o bem comum, que não se omitam e aos que diretamente ferem e destroem a paz, que se convertam!».
E terminam pedindo que todos «se unam em favor da verdadeira paz» e fazendo um apelo: «Não nos deixemos abater! Não nos deixemos frustrar! O Bom Deus escuta os clamores de seu povo!»
