Mundo
05 junho 2019

Sudão: militares anunciam eleições

Tempo de leitura: 2 min
No Sudão, o presidente do Conselho Militar de Transição (CMT), o general Abdelfatá al Burhanas, anunciou numa mensagem transmitida na televisão nacional, que irão formar um governo de transição e convocar as eleições gerais no prazo de nove meses.
Redacção
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As forças militares, no poder depois da destituição de Omar al-Bashir no passado dia 11 de Abril, tinham exigido aos manifestantes, que se mantêm em ocupação pacífica há meses junto das instalações militares no centro da capital, Cartum, que abandonassem o protesto e, desse modo, se restabelecesse a «normalidade». No acordo prévio entre militares e o CMT tinha-se decidido constituir um Conselho Soberano de Transição, órgão que deveria governar o país durantes três anos, quando se realizariam as eleições. No entanto, o CMT rompeu o acordo e, na segunda-feira, a força de intervenção rápida entrou em campo, disparando e perseguindo os manifestantes. Segundo o comité de médicos sudaneses, pelo menos 60 pessoas foram mortas e centenas ficaram feridas. O Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou o «uso excessivo da força» e exigiu uma investigação independente.

Madani Abbas Madani, um dos dirigentes da oposição da Aliança Liberdade e Mudança, declarou à Reuters que «o que aconteceu [na segunda-feira] – o assassínio e ferimentos dos manifestantes, a humilhação – foi uma tentativa sistemática e planeada de impor a repressão ao povo sudanês». Os manifestantes rejeitam peremptoriamente o plano apresentado pelo CMT. Madani sublinhou que continuarão a luta sob a forma de uma campanha de desobediência total para tentar forçar a CMT e entregar o poder a um governo interino liderado por civis.

A Associação Sudanesa dos Profissionais, que encabeçou os protestos contra al-Bashir pede que uma comissão internacional investigue as mortes no que apelidou de «massacre».

O CMT, que anunciou a sua intenção de manter a sharia (lei islâmica) como fonte de Direito na futura Constituição, recebeu pressões da sociedade civil e dos partidos da oposição, dos países da União Africana, da União Europeia e dos Estados Unidos para deixar o poder. Mas também conseguiu apoios de países árabes, nomeadamente do Egipto, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, que expressaram o seu apoio no processo de restauração da paz e da convivência no Sudão.

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