Igreja
10 janeiro 2020

Moçambique: Solidariedade em acção

Tempo de leitura: 5 min
O padre Manuel António Bogaio é o responsável dos Missionários Combonianos em Moçambique. Relata-nos o trabalho que estão a realizar com os afectados pelo ciclone Idai, missão possível graças à solidariedade de muitas pessoas.
Redacção
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Nos dias 15 e 16 de Março do corrente ano, o ciclone Idai fustigou as terras moçambicanas e afectou milhares de pessoas em três províncias de Moçambique, nomeadamente Sofala, Manica e Zambézia. Depois de três semanas, passou outro ciclone no Norte do país. A fase imediata foi de apoio com produtos básicos ou de primeira necessidade e cobertores. A fase posterior foi a participação na reconstrução de infra-estruturas.

Nós, os missionários combonianos que trabalhamos em Moçambique, lançámos um apelo para ajudar os afectados pelo ciclone Idai, na cidade da Beira, na zona de Chota e de Muxúnguè, esta dista aproximadamente 350 quilómetros da cidade da Beira, principalmente em Goonda, Djaka e Gruja, onde as águas dos rios Búzi e Muda atingiram quase cinco metros de altura e devastaram todas estas zonas. Temos de referir que estas áreas ficaram por muito tempo isoladas, sem comunicação e transitabilidade.

 

Reconstrução

A zona de Chota é o prolongamento do maior bairro suburbano que se chama Munhava, onde as condições básicas de saneamento público são muito deficientes. Depois de um longo diálogo com a comunidade local e olhando para as necessidades presentes e futuras, chegou-se a um consenso de viabilizar o projecto da escola em todos os níveis (pré-escolar até à secundária), um salão polivalente para ajudar no campo educativo, na sensibilização sociossanitária, no saneamento e na ecologia para o bem da zona de Chota. Apostar na escolarização e educação é criar e garantir as condições para o melhoramento da própria área e fazer a promoção humana segundo o nosso carisma.

A escola poderá dar a possibilidade a mais de 500 crianças na primeira fase e na segunda poderíamos chegar a outras 500 crianças. Este projecto está no início da sua execução. Neste momento começaremos com o salão polivalente e depois será a escola.

Também apoiamos cinco famílias entre as mais carenciadas e vulneráveis na construção de cinco casas mais resilientes às intempéries. Este projecto ainda está em execução. Tivemos de esperar que os preços dos materiais de construção baixassem. Nesta zona da Chota, apoiámos 300 crianças com materiais escolares, já que tinham perdido tudo com as chuvas que se seguiram ao ciclone. Ajudámos mais 200 idosos com produtos de primeira necessidade e alguns continuarão a receber o nosso apoio.

Reconstruímos, igualmente, a casa dos missionários, que ficou parcialmente destruída e sem tecto e alguns quartos danificados e criando as condições mínimas para que eles continuassem com os seus labores quotidianos.

Em Muxúnguè e nas zonas de Goonda, Djaka e Gruja, logo que as condições de transitabilidade melhoraram, foi-se fazer a avaliação da situação e iniciou-se a intervenção. Cerca de 1000 famílias viviam aí e tinham perdido tudo. Decidiu-se proceder por fases para uma melhor abrangência e eficácia dos nossos apoios sem condicionamentos políticos. Foram entregues produtos de primeira necessidade e depois foi-se para o kit de abrigo. Neste momento estamos prestes a entrar na fase de segurança alimentar.

Sabe-se que estes meses, desde Novembro até Abril, são cruciais por causa da época das chuvas. Vamos atender cerca de 1500 famílias. Estamos também a sensibilizar a população para que se retire para as zonas altas que o Governo indicou. Em Fevereiro deste ano, iremos apoiar as mais de 500 crianças com materiais escolares.

Queremos salientar que o processo de reconstrução levará o seu tempo, a nível geral. Nós continuaremos a acompanhar o processo. Como referimos anteriormente, estamos na fase de contribuir para a segurança alimentar na zona de Muxúnguè. Esperamos que ao terminar a época chuvosa, que começou com muita intensidade, consigamos ajudar esta população e, com a época da colheita de 2020, a situação volte à normalidade.

Queremos manifestar a nossa gratidão a todos os que colaboraram – especialmente os leitores da Além-Mar. Deus saberá como recompensar-vos pela vossa generosidade e solidariedade. 

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